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Situado entre morros da Serra Geral no Rio Grande do Sul que margeiam o rio Soturno, São João do Polêsine surgiu da ocupação de antigas terras de Manoel Py, a partir de 1893, por imigrantes italianos e ítalo-brasileiros. Ao cruzarmos as estradas sinuosas que levam ao seu encontro, onde lavouras de arroz contrastam, em tons variados de verdes, com as ondulações da serra no horizonte, difícil é não nos encantarmos com sua beleza.

De marcada cultura italiana e inegável identidade católica, para melhor compreendermos sua história faz-se necessário voltarmos no tempo, em outro espaço. Tudo começou além mar, no topo do cano da bota europeia, nas regiões alpinas e circundantes do vale do rio Pó, na recém unificada nação italiana.

Foi o contexto de grande aumento populacional na Europa que engendrou a migração de contingentes populacionais para as mais diversas regiões do mundo. Especificamente na Itália, havia muita gente e pouca terra. Em contrapartida à realidade Brasileira, que possuía muita terra e pouca gente, o que estimulou os primeiros italianos a cruzassem os mares Mediterrâneo e Atlântico em busca de terras para sua labuta diária. A Itália recém havia passado por seu processo de unificação, (1870) e seu sentimento de “italianidade” ainda não havia se consolidado enquanto identidade genuinamente italiana. O que havia, eram diversas etnias que organizavam a comune, ou as grandes famílias, em torno da produção rural e artesanal, cuja comunhão se dava através de eventos religiosos, além de atividades laborais.

Neste contexto do século XIX, as migrações tomaram proporções intensas. Destarte as migrações de um modo geral, fazem parte da história da humanidade, pois os mais variados grupos humanos historicamente se lançaram à procura de recursos, no caso dos povos europeus elas foram incentivadas tanto pelos seus Estados de origem europeia, como pelos que recebiam os migrantes, fazendo com que, no Brasil, formassem-se diversos polos de colonização. A imigração europeia para o Brasil deu-se, inicialmente, pela vinda de portugueses e espanhóis, miscigenados aos povos indígenas originários e aos negros vindos da África, em um processo que durou mais de três séculos.

Os povos italianos vieram somente a partir de 1874 para trabalhar nos cafezais da região sudeste e para colonizar terras devolutas da região meridional, províncias de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, as quais já possuíam grande número de colonos alemães, chegados a partir de 1824. Assim, no último quartel do século XIX, formaram-se três colônias italianas na região nordeste do Rio Grande do Sul: Conde d’Eu; Dona Isabel e Duque de Caxias, onde hoje se encontram as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul.

A Quarta Colônia, ou quarta região de colonização italiana, chama de Núcleo Colonial de Santa Maria da Boca do Monte, fora denominada de “Silveira Martins” posteriormente, em homenagem ao senador Gaspar Silveira Martins que a incentivou. Esta formou-se com a vinda de 70 famílias que chegaram de barco através do rio Jacuí, até a cidade de Rio Pardo e, de lá, por carros de bois, uns e, outros a pé até a região de Val de Buia. São João do Polêsine não fazia parte da colônia de Silveira Martins, mas sim, surgiu de uma expansão patrocinada por particulares, em área próxima ao rio Soturno, conhecida por terras de Manoel Py. Desde seu advento, o empreendedorismo marcou a trajetória da comunidade.

As terras que circundavam o rio Soturno foram privatizadas a partir de pagamentos a antigos combatentes da Guarda Nacional durante a Guerra do Paraguai, os quais as venderam às famílias Sertório Leite, que por sua vez, as negociou com Peixoto de Oliveira e este, finalmente as vendeu a Manoel Py. Este antigo proprietário das terras onde se formaria São João do Polêsine morava em Porto Alegre e encarregou o imigrante italiano Paulo Bortoluzzi, um dos habitantes fundadores de Vale Vêneto, para vender suas terras a novos imigrantes interessados em se instalarem na região. Dessa forma São João do Polêsine iniciou seu processo de formação em 1893, por imigrantes de Bento Gonçalves, Vale Vêneto e Silveira Martins; pelas famílias Arnutti, Milanesi, Feron, Dotto, Bortoluzzi, Pivetta, Bisognin, Rosso, Pozzobon, Ceretta, Dalmolin, Michelotti e tantas outras.

Inicialmente, o núcleo se chamou Polesine em referência ao vale do rio Pó na Itália - fértil e produtivo tal qual as margens do rio Soturno se mostrara aos colonizadores. Com o passar dos anos, foi chamado de São João do Polêsine em homenagem ao Padroeiro São João Batista, nome oficial do município atualmente.

Nas palavras de um de seus fundadores, Antônio Ceretta, “quem faz a história do mundo são os homens e não o mundo”. Essa é a pretensão deste Memorial, ou seja, mostrar que desde a colonização, muitos foram os homens e mulheres que construíram a história deste município. História tecida pela força da fé, do trabalho e da família.

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Ilustração: Marcel Jacques - CTISM
Fotografia: Matheus Cargnin - CTISM
Programação e Design: Jeann Carlo Martins Raguzzoni - NUPEDEE
Edição de Áudio: Jeferson Carvalho - Núcleo de Tecnologia Educacional

 Depoimentos:

  • Valserina Bulegon
  • Aléssio Agostinho Borin
  • Honorina Ceretta
  • Antônio Ceretta Neto
  • Maria Claci Bortolotto
  • Romualdo Dalmolin

 

Iniciativa: Prefeitura Municipal de São João do Polêsine

Prefeita de São João do Polêsine: Valserina Bulegon 

Organização:

Roselene Moreira Gomes Pommer
Ricardo Kemmerich

 

Parceria: EaD Ctism/UFSM, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, Prefeitura Municipal de São João do Polêsine, Comunidade de São João do Polêsine, NEP/UFSM (Núcleo de Estudos Do Patrimônio e Memória) e PPGH/UFSM.

 

Arquivos consultados: Arquivo Palotino de Santa Maria (AHNSC) e o Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova Palma (CPG de Nova Palma).

 

Financiado pelo Ministério da Educação (PROEXT/SEsu/EDUQCII)

Coordenadora do Programa EUDUQCII: Leila Araújo dos Santos

 

 

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